O 3º trimestre de gravidez é a reta final da gestação, começando na 28ª semana e indo até o nascimento. Para mim, foi uma fase de expectativa e emoção, mas também de muitas reflexões e ajustes.
Uma fase de transformação intensa
Essa etapa é marcada por mudanças rápidas, tanto no corpo quanto na mente. Cada dia me trazia a sensação de que o momento do parto estava mais próximo, e isso despertava uma mistura de sentimentos: alegria pela proximidade da chegada da bebê e um certo nervosismo natural pelo desconhecido.
Mudanças no corpo e sintomas comuns
A barriga cresceU como nunca
No 3º trimestre, minha barriga cresceu muito rapidamente, a ponto de algumas roupas que serviam semanas antes deixarem de caber. Esse crescimento trouxe uma sensação linda de estar ainda mais conectada com a bebê, mas também veio com desafios. Sentar, deitar e até caminhar passaram a exigir mais esforço.
O cansaço no dia a dia
No 3º trimestre, comecei a sentir o cansaço natural que acompanha essa fase final da gravidez. Com a barriga maior e o peso extra, as tarefas do dia a dia passaram a exigir mais energia do que antes.
Percebi que precisava ouvir meu corpo e fazer pausas frequentes para descansar, respeitando os limites que a gestação impunha. Uma lembrança é a de não conseguir amarrar os próprios sapatos. Além disso, as dores nas costelas começaram a aparecer, resultado da pressão do bebê e da expansão do meu corpo, tornando ainda mais desafiadoras as atividades cotidianas.
Dormir se tornou um desafio
Encontrar uma posição confortável para dormir foi uma das maiores dificuldades nessa fase. O tamanho da barriga e o cansaço acumulado dificultavam o descanso, e, somado a isso, a ansiedade começava a ocupar espaço na minha mente durante as noites.
Aspectos emocionais e psicológicos
Ansiedade pela proximidade do parto
A ideia de que a bebê estava prestes a chegar me deixava em um constante misto de emoções. Ao mesmo tempo em que sentia alegria e empolgação, também surgiam momentos de preocupação e nervosismo, especialmente ao pensar no parto e nas mudanças que viriam com ele.
Preparando a mente para o que estava por vir
Esse foi um momento em que precisei focar em me preparar emocionalmente. As incertezas e a ansiedade poderiam facilmente tomar conta, então busquei criar momentos de tranquilidade e reflexão.
Focar no lado positivo, conversar com a minha rede de apoio e me conectar ainda mais com a bebê foram formas que encontrei para atravessar essa fase de maneira mais leve e confiante.
Minha experiência no 3º trimestre de gravidez
O quartinho do bebê ficou pronto
No 3º trimestre, finalmente concluímos o quartinho da bebê. Depois de toda a preparação e decisões durante os meses anteriores, ver o espaço pronto foi um dos momentos mais emocionantes. Cada detalhe parecia carregar um pedaço do amor e da expectativa que tínhamos por sua chegada.
A mala da maternidade: minha e da Bianca
Outra tarefa importante desse período foi preparar a mala da maternidade. Escolher as roupinhas da Bianca, pensar nos itens essenciais e organizar tudo trouxe uma sensação de realização e também de ansiedade. Era como se, a cada peça colocada na mala, o grande dia ficasse ainda mais próximo.
Vacina contra Covid-19: uma decisão importante
Foi também nesse período que, sob orientação da minha médica, tomei a vacina contra a Covid-19 no terceiro trimestre de gestação. A decisão foi feita pensando no melhor para mim e para a bebê, mas confesso que, após o parto prematuro, surgiram dúvidas e reflexões sobre como tudo aconteceu.
A ansiedade tomou conta nos últimos preparativos
Mesmo com tudo sendo cuidadosamente planejado, o 3º trimestre trouxe uma sensação de urgência e ansiedade. Especialmente após o susto antes do parto, passei a viver cada dia com mais atenção e emoção, tentando equilibrar a expectativa com a necessidade de manter a calma.
O susto antes do parto
Minha barriga cresceu de repente
Lembro que, de repente, minha barriga cresceu muito rapidamente, e isso chamou a atenção até da minha mãe, que teve um pressentimento de que algo estava diferente. Foi ela quem me encorajou a insistir com a médica para realizar mais um ultrassom.
O diagnóstico: pressão alta e contrações
Durante o ultrassom, além de sentir uma dor incomum, foi detectada pressão alta e sinais de contrações. A médica que realizou o exame me alertou que isso não era normal e recomendou que eu fosse imediatamente para a maternidade.
repouso absoluto e corticoide
Chegando ao hospital, minha obstetra confirmou que a bebê já estava encaixada, mas que ainda não era o momento certo para o parto. Fui orientada a fazer repouso absoluto e tomei três doses de corticoide para ajudar no desenvolvimento do pulmãozinho dela. Esses dias foram cheios de apreensão, mas também de muita esperança.
O dia do parto prematuro
Quando a bolsa estourou, estava calma
Com 33 semanas e 6 dias, enquanto estava deitada no quarto durante uma call de trabalho, senti a bolsa estourar. Foi um momento inesperado, mas, surpreendentemente, eu me senti tranquila e emocionalmente preparada.
Correria para o hospital e a cesárea de emergência
Ao chegar ao hospital, foi constatado que havia mecônio na bolsa, indicando a necessidade de uma cesárea de emergência. Apesar do nervosismo, o parto foi um momento emocionante e inesquecível.
ela chegou ao mundo com sede de viver
Bianca nasceu com 33 semanas e 6 dias, em uma cesárea de emergência. Tudo aconteceu muito rápido. Assim que cheguei à maternidade e os exames confirmaram a presença de mecônio na bolsa, a cesárea foi feita com urgência. Mesmo sabendo que era a decisão mais segura para nós duas, meu coração estava acelerado com a mistura de emoções.
Quando Bianca nasceu, lembro-me de ouvir o assistente da médica perguntar: “Quem está aí dentro?” e eu respondi: “É a Bianca.” Ele então disse, sorrindo: “Bianca está com pressa para conhecer o mundo.” Essas palavras ficaram gravadas na minha memória e marcaram aquele momento tão único e especial.
Uma chegada cheia de aplausos e esperança
Apesar das dificuldades iniciais, a chegada de Bianca foi celebrada por toda a equipe médica. Eles aplaudiram quando souberam que, mesmo sendo prematura, ela havia nascido com mais de 2,5 kg. Foi um momento de alívio e alegria, uma lembrança que guardarei para sempre no coração.
O primeiro som: um choro suave e emocionante
Assim que Bianca nasceu, ouvi seu primeiro choro, um som suave, mas forte o suficiente para me emocionar profundamente. Foi como se aquele som fosse a confirmação de que tudo ficaria bem, que ela era forte e estava pronta para enfrentar o mundo.
No entanto, a equipe médica precisou levá-la rapidamente para uma incubadora para ajudá-la a respirar com o auxílio de CPAP. Embora tenha sido difícil não tê-la em meus braços naquele momento, sabia que era o melhor para ela. Bianca passou apenas duas horas no CPAP, mostrando que sua saúde estava melhor do que o esperado.
Uma mistura de emoções e memórias marcantes
Quando a vi pela primeira vez, foi por apenas alguns segundos. Gustavo, meu marido, estava visivelmente emocionado e disse: “Ela é linda.” Ele saiu correndo atrás do carrinho onde Bianca foi levada, para garantir que ela ficasse bem e não houvesse confusões.
Enquanto estava na sala de recuperação, todas as outras mães tinham seus bebês nos braços, mas eu não. Foi um momento de dor e aprendizado. Liguei para minha mãe para compartilhar o que havia acontecido, e suas palavras de apoio foram o que eu precisava para encontrar forças naquele instante: “O importante é que ela nasceu com saúde. Vai chegar o momento de você tê-la nos braços.”
Desafios do pós-parto e superação
Primeiro encontro com Bianca e cuidados na UTI neonatal
Assim que Bianca nasceu, ela foi levada diretamente para a incubadora, onde recebeu suporte respiratório por poucas horas com o auxílio de CPAP. Mesmo sendo prematura, Bianca demonstrou uma força impressionante desde o início, superando rapidamente as expectativas médicas. Ver a equipe comemorando a resposta positiva dela me trouxe um alívio imenso, como se o pior já estivesse ficando para trás.
A ausência do contato pele a pele imediato
Um dos momentos mais difíceis foi não ter o contato pele a pele com Bianca logo após o parto. Eu tinha imaginado aquele momento de tê-la nos braços, ouvir seu coração bem pertinho e sentir sua pele pela primeira vez. No entanto, a realidade foi diferente: ela precisou ser levada para a incubadora imediatamente.
Carrego essa experiência como um grande aprendizado. Foi o primeiro rompimento com as expectativas romantizadas que eu tinha sobre o parto e o pós-parto. Apesar disso, entendia que tudo estava sendo feito para o bem dela e, acima de tudo, para que ela ficasse segura e saudável.
Resiliência emocional para enfrentar o distanciamento
A primeira vez que vi Bianca foi de longe, ainda na incubadora. Mesmo assim, foi um momento profundamente emocionante. Eu não podia segurá-la, mas saber que ela estava ali, respirando e se fortalecendo, me deu forças para enfrentar o distanciamento inicial.
Esse período exigiu uma resiliência emocional que eu não sabia que tinha. A cada visita ao CTI neonatal, eu me apegava à certeza de que, mesmo separadas, estávamos conectadas. Saber que ela estava recebendo os melhores cuidados e que logo estaríamos juntas me dava forças para superar o medo e a saudade.
Dias no hospital e a rotina na pandemia
Entre casa e o CTI neonatal
Os dias no hospital foram um verdadeiro teste de resistência. Por conta da pandemia, as restrições severas às visitas tornaram tudo ainda mais desafiador. Eu podia visitar Bianca apenas três vezes por dia, e Gustavo tinha direito a apenas uma visita diária.
A rotina era exaustiva: saíamos de casa para vê-la, voltávamos para descansar um pouco e começávamos tudo de novo. Cada visita era preciosa, pois era a nossa única oportunidade de estar com ela e acompanhar de perto sua evolução.
Lidando com a icterícia e os desafios iniciais
Bianca enfrentou alguns desafios nos primeiros dias, como a icterícia, que a levou a passar por sessões de fototerapia. Foi difícil vê-la ali, tão pequena, sob aquelas luzes, mas ao mesmo tempo era um alívio saber que ela estava recebendo o tratamento necessário.
Minha própria adaptação ao novo papel de mãe também não foi fácil. Com o contato físico limitado e a pressão de aprender a cuidar de um bebê prematuro, tive momentos de insegurança. Mas aos poucos fui entendendo que esse processo é feito de pequenos passos e muito aprendizado.
A força da rede de apoio
Foi nesse momento que percebi o verdadeiro valor da rede de apoio. Minha família e amigos foram meu alicerce, me lembrando constantemente de que cada pequeno progresso de Bianca era uma vitória a ser celebrada. O apoio emocional deles foi essencial para superar as dificuldades impostas pela pandemia e para manter a esperança viva em cada etapa.
Alta hospitalar e o retorno ao lar
Celebrando cada marco com esperança
Após alguns dias no CTI, Bianca começou a atingir os marcos necessários para a alta. Cada peso ganho, cada teste superado era comemorado como uma grande conquista. Quando finalmente recebemos a notícia de que ela poderia ir para casa, senti um alívio e uma alegria indescritíveis. Era como se o mundo inteiro tivesse ficado mais leve naquele instante.
Ajustando-se à nova rotina em casa
O retorno ao lar foi emocionante, mas trouxe novos desafios. Cuidar de uma bebê prematura exigia muita atenção e paciência, e Gustavo e eu enfrentamos juntos as inseguranças comuns dessa fase. Aos poucos, aprendemos a interpretar suas necessidades e a criar uma rotina que funcionasse para todos.
Pequenas conquistas, grandes aprendizados
Mais do que qualquer coisa, o pós-parto me ensinou a celebrar cada conquista, por menor que fosse. Desde o primeiro sorriso de Bianca até os momentos em que ela demonstrava estar mais forte, aprendi a valorizar cada etapa. Foi um período de muito aprendizado, mas também de uma alegria imensa, pois cada progresso dela era motivo de celebração.
Lições e reflexões sobre o 3º trimestre e o parto
A força da intuição materna
A história do pressentimento da minha mãe é uma das lições mais marcantes que levo do 3º trimestre. Certo dia, ela me disse que estava sentindo que minha bebê poderia nascer antes do previsto. Foi algo que inicialmente não levei muito a sério, porque até aquele momento a gravidez estava progredindo dentro do esperado, mesmo com os desafios.
Porém, dias depois, comecei a notar que minha barriga havia crescido de forma muito rápida e intensa. Juntei isso ao alerta da minha mãe e decidi insistir para que minha médica me passasse mais um ultrassom. Eu queria garantir que tudo estava bem.
A descoberta no ultrassom
Durante o exame, enquanto a médica realizava as medições, senti uma dor estranha. Ela comentou que isso não era normal e, após verificar os dados, descobriu que minha pressão arterial estava muito alta. Além disso, começaram a ser detectadas contrações prematuras, algo que eu nem havia notado.
A médica que realizou o ultrassom foi muito assertiva: ela pediu que meu marido me levasse imediatamente para a maternidade. Ainda lembro da urgência em sua voz e da mistura de medo e alívio que senti por ter feito aquele exame. Se não fosse o pressentimento da minha mãe e minha insistência, talvez não tivéssemos descoberto a situação a tempo.
A preparação para o inesperado
Ao chegar na maternidade, minha obstetra confirmou que minha bebê já estava encaixada, mas que ainda não era a hora certa para o nascimento. Recebi a orientação de fazer repouso absoluto e tomei injeções de corticoide para ajudar no desenvolvimento do pulmãozinho dela, caso o parto acontecesse antes do tempo. Foram dias de muita apreensão, mas essa experiência me mostrou o quanto é importante confiar na intuição e no instinto.
A importância do preparo emocional
Mantendo a calma em meio ao caos
Quando a bolsa estourou, estava deitada durante uma call de trabalho. Apesar da surpresa, eu me senti tranquila. Havia algo dentro de mim que dizia que tudo ficaria bem. Essa calma foi essencial para que eu pudesse pensar com clareza e seguir para o hospital sem pânico, confiando na equipe médica.
No hospital, quando descobrimos que havia mecônio na bolsa, e a cesárea foi marcada com urgência, meu coração acelerou. Mas tentei me concentrar no positivo: estava prestes a conhecer minha filha. Esse preparo emocional me ajudou a encarar o parto com mais serenidade.
Resiliência para enfrentar o pós-partO
No pós-parto, o preparo emocional também foi fundamental. Não poder segurar Bianca imediatamente foi um golpe duro. Mas encontrei força ao lembrar que ela estava bem cuidada e que logo estaríamos juntas. Conversas com minha mãe, com a terapeuta, todas as orações e a certeza de que cada dia nos aproximava mais me deram forças para passar por essa fase.
Gratidão pela jornada e aprendizado com os desafios
Valorizando cada etapa da jornada
Nada saiu como eu tinha planejado ou imaginado, mas isso não diminuiu a beleza e o aprendizado que essa jornada trouxe. Cada pequeno marco — desde ouvir o primeiro choro da Bianca até vê-la sair do CPAP em poucas horas — foi um lembrete de que, apesar dos desafios, estávamos avançando.
A força da rede de apoio em momentos difíceis
Minha família e amigos desempenharam um papel essencial. Foram eles que me lembraram de celebrar cada conquista e de não me cobrar tanto em momentos de vulnerabilidade. Ter pessoas ao meu lado foi o que me permitiu enfrentar o inesperado com mais confiança e serenidade.
Conclusão
O 3º trimestre e o parto me ensinaram o poder da intuição, da calma e do amor. Foi nesse período que compreendi que nem tudo sai como planejamos, mas que isso não diminui a beleza e a importância de cada etapa. As dificuldades, os sustos e até os momentos de incerteza foram essenciais para me preparar emocionalmente e reforçar minha conexão com Bianca.
Mesmo quando o caminho fugiu do roteiro que eu havia imaginado, cada experiência trouxe lições valiosas. A força da intuição, o apoio da minha rede de pessoas queridas e a fé de que tudo aconteceria no tempo certo fizeram toda a diferença. Olho para trás com gratidão, sabendo que esses desafios me transformaram e marcaram o início de uma nova e incrível jornada como mãe.
Aline Chamon é publicitária, mãe da Bianca e esposa do Gustavo. Criadora do blog SEVEN DAYS MOM, dedica-se a compartilhar as alegrias e desafios da maternidade real, trazendo reflexões e aprendizados do dia a dia. Apaixonada por registrar memórias, escreve cartas para sua filha desde seu nascimento e busca, por meio do blog, inspirar e acolher outras mães que vivem as aventuras e os dilemas da maternidade.