Histórias para dormir favoritas da minha filha

A hora de dormir aqui em casa é um dos momentos mais especiais do dia. É um ritual cheio de carinho, imaginação e troca, que vai além do simples ato de colocar Bianca para dormir. A cada noite, escolhemos uma história para contar, e essa tradição tem sido essencial para acalmar sua mente agitada de criança de 3 anos. Hoje, vou compartilhar com vocês as 5 histórias para dormir favoritas da Bianca, aquelas que ela pede sempre e que se tornaram parte da nossa rotina noturna.

Histórias que fortalecem laços e criam memórias afetivas

Quando conto histórias para Bianca, percebo que esses momentos vão muito além do entretenimento. As histórias são uma forma de fortalecer nossos laços, transmitir valores importantes e proporcionar a ela um ambiente seguro e tranquilo antes de adormecer. É um instante que pertence só a nós, onde posso mostrar para ela, através das narrativas, o quanto ela é amada e que sempre pode contar comigo.


As 5 histórias para dormir favoritas da nossa filha

Entre nossas noites recheadas de fantasia, algumas histórias ganharam um lugar cativo na nossa rotina. Elas não apenas conquistaram o coração da Bianca, como também marcaram momentos inesquecíveis para toda a família. Seja uma história criada pelo Gustavo, uma memória da minha infância ou um livro que amamos compartilhar, essas histórias se tornaram muito mais do que simples contos: são memórias que estamos construindo juntas, noite após noite.

Nas próximas linhas, vou contar quais são essas cinco histórias tão especiais e por que elas significam tanto para nós.

1) A galinha que não conseguia botar ovos

Era uma vez uma galinha que vivia em uma fazenda e, por mais que tentasse, não conseguia botar ovos. Triste com a situação, ela se sentia diferente das outras galinhas. O fazendeiro, ao perceber sua melancolia, teve uma ideia. Durante a noite, enquanto a galinha dormia, ele colocou em seu ninho quatro ovinhos coloridos: um vermelho, um verde, um amarelo e um azul.

Na manhã seguinte, ao ver os ovos, a galinha ficou radiante e decidiu chocá-los com muito cuidado. Após alguns dias, os ovinhos se abriram, revelando filhotes incríveis. Cada filhote tinha uma habilidade única que mostrava a beleza da diversidade.

  • O filhote amarelo nadava com maestria e era, na verdade, um belo patinho.
  • O filhote verde soltava a voz como ninguém, pois era um talentoso sapo cantor.
  • O filhote vermelho voava tão alto e tão rápido que era uma impressionante águia.
  • Já o filhote azul mergulhava profundamente e com habilidade, revelando ser um pinguim ágil.

A galinha ficou emocionada e decidiu passear pela fazenda com sua nova família. Mesmo que os filhotes fossem diferentes entre si, ela os amava profundamente e sentia orgulho de cada um. Assim, a natureza revelou sua beleza, mostrando que cada um tem algo especial para oferecer, independentemente de suas diferenças.

Como surgiu essa história?

Essa história nasceu da criatividade do Gustavo, meu marido, que tem um talento especial para inventar narrativas. Em uma noite qualquer, enquanto tentava fazer Bianca se acalmar, ele improvisou essa história que se tornou uma das favoritas dela. A simplicidade da trama e os detalhes coloridos que ele adicionou capturaram imediatamente a atenção da nossa filha. Desde então, a “galinha que não conseguia botar ovos” é um pedido frequente no nosso ritual da noite.

A mensagem por trás da história

A história transmite uma mensagem poderosa sobre aceitação e valorização das diferenças. Cada filhote que nasce dos ovos coloridos da galinha revela um talento único e especial, mesmo que nenhum deles seja exatamente como ela. Essa narrativa ensina que as diferenças são o que tornam cada ser especial, e que a beleza da natureza está na diversidade. Sempre que conto essa história, sinto que estou reforçando em Bianca o respeito pelas individualidades e a ideia de que cada um tem o seu valor, do seu jeito.

Reação da nossa Filha

Bianca adora essa história por causa de seus personagens carismáticos e do final feliz. A maneira como Gustavo descreve os filhotes – o patinho que nada lindamente, o sapo que canta de forma encantadora, a águia que voa majestosa e o pinguim ágil no mergulho – é sempre acompanhada de risadas e olhinhos brilhantes. É lindo ver como ela se conecta com a alegria da galinha ao aceitar seus filhotes e celebrar suas habilidades únicas. Para Bianca, essa história não é só divertida, é também um momento de conexão com o papai e com o amor que sentimos por ela.


2) A fruta misteriosa, do Castelo Rá-tim-bum

Poranga e Porunga eram dois irmãos curumins que passavam os dias se divertindo na mata. Poranga, o mais velho, sempre cuidava do irmão mais novo, Porunga, orientando-o e ensinando-o sobre os perigos da floresta.

Certo dia, enquanto exploravam o lugar, Porunga encontrou uma fruta diferente de todas que já haviam visto. Era grande, brilhante e tinha um aroma tentador. Poranga imediatamente alertou:
– Não coma essa fruta, Porunga. Ela é estranha e não sabemos o que pode acontecer.

Mas Porunga, teimoso, não resistiu e deu uma mordida. Em instantes, começou a se transformar e, para o desespero do irmão, virou uma grande semente que parecia um caroço de manga. Poranga ficou desesperado, mas teve uma ideia: plantar a semente, na esperança de que Porunga pudesse renascer.

Com cuidado, ele cavou um buraco, colocou a semente no chão, cobriu com terra e começou a regá-la todos os dias. Durante esse tempo, Poranga ficou ao lado da plantação. Ele contou histórias, conversou com a terra e demonstrou todo o seu carinho pelo irmão.

Depois de alguns dias, algo mágico aconteceu. Do chão, emergiu uma pequena planta, que cresceu rapidamente e, no final, transformou-se novamente em Porunga, sorridente e cheio de vida. Os irmãos se abraçaram emocionados, e Porunga prometeu:
– Nunca mais vou desobedecer você, Poranga!

A partir daquele dia, os dois continuaram suas aventuras, mas com uma nova lição no coração: ouvir quem nos ama e ter cuidado com nossas escolhas.

A memória do Castelo Rá-Tim-Bum

A história da “fruta misteriosa” surgiu de uma memória carinhosa da minha própria infância. Eu era fã do programa Castelo Rá-Tim-Bum e adorava a personagem Caipora e suas histórias sobre os curumins Poranga e Porunga. Lembro de assistir fascinada enquanto ela narrava aventuras cheias de mistério e lições importantes.

Quando comecei a contar histórias para Bianca, quis resgatar essa lembrança especial e adaptá-la para ela. Incluir algo tão significativo da minha infância em nossa rotina noturna foi uma maneira de compartilhar minhas próprias experiências de criança. A reação dela foi incrível: Bianca ficou encantada com os irmãos curumins e a trama da fruta misteriosa, que agora é uma de suas histórias favoritas.

Lições de responsabilidade e cuidado

A história transmite uma mensagem clara sobre responsabilidade, cuidado e as consequências de nossas escolhas. Nela, Poranga, como irmão mais velho, avisa Porunga para não comer a fruta misteriosa, mas ele desobedece e acaba transformado em uma semente. Poranga então mostra o que significa ser responsável ao cuidar do irmão, plantando a semente com todo o carinho e paciência até que ele renasça.

Sempre que conto essa história, sinto que estou ajudando Bianca a entender que nossas decisões têm impacto. A mensagem é passada de forma leve, mas com um peso educativo significativo: é importante ouvir quem nos ama e refletir antes de agir. Ao mesmo tempo, a história mostra o poder do amor e do cuidado em resolver situações difíceis, o que torna o aprendizado ainda mais especial.

A conexão emocional com a história

Para mim, contar essa história para Bianca tem um valor sentimental único. Resgatar algo tão marcante da minha infância e ver minha filha se encantar pelos mesmos personagens é um laço que atravessa gerações. Enquanto Bianca se conecta com Poranga e Porunga, eu me conecto com a menina que fui um dia, sentada na frente da TV, completamente imersa no universo mágico do Castelo Rá-Tim-Bum.

Além disso, esses momentos são um lembrete de como a infância é moldada por histórias e memórias que levamos para a vida toda. Saber que estou criando essas mesmas lembranças para Bianca, com a adaptação de uma história que marcou minha própria jornada, é algo que aquece meu coração.


3) A margarida friorenta, de Fernanda Lopes de Almeida

Era uma vez uma margarida que vivia em um vaso na janela de uma casa. Durante o dia, ela aproveitava o sol e as conversas das pessoas que passavam pela rua. Mas, certa noite, o vento frio começou a soprar, e a margarida começou a tremer sem parar. O frio era tão intenso que parecia que a pequena flor não iria resistir.

Uma borboleta azul, com asas brilhantes, que voava pela região, percebeu o sofrimento da margarida e decidiu ajudá-la. A borboleta, que tinha um coração generoso, foi até o quarto de uma menina chamada Ana Maria, conhecida por ser bondosa e sempre pronta para ajudar. Ela entrou pela janela e chamou a atenção de Ana Maria, que prontamente foi até a margarida.

Ana Maria, ao ver a margarida tremendo, tentou aquecê-la. Primeiro, colocou nela um casaquinho de boneca, mas isso não foi suficiente. Depois, improvisou uma casinha aconchegante com folhas e um pedaço de tecido macio. Mesmo assim, a margarida continuava a tremer.

Foi então que Ana Maria teve uma ideia especial. Ela se aproximou da margarida e deu um beijo cheio de carinho em suas pétalas. Como por mágica, o tremor parou, e a margarida dormiu tranquilamente.

Na manhã seguinte, Ana Maria percebeu que o que a margarida precisava não era apenas roupas ou abrigo, mas sim o calor do amor e da atenção. Essa descoberta encheu o coração de todos que a ajudaram, mostrando que o carinho é o maior conforto que existe.

O resgate de um clássico familiar

A história da “Margarida Friorenta”, da autora Fernanda Lopes de Almeida,  tem um significado especial para nossa família. Por uma feliz coincidência, tanto eu quanto Gustavo guardamos esse livro desde a nossa infância. Nossos exemplares ainda têm nossos nomes escritos na capa, marcando como ele foi importante para nós em tempos diferentes.

Quando começamos a escolher histórias para contar à Bianca, a “Margarida Friorenta” foi um consenso imediato. Revisitar esse livro juntos e depois compartilhá-lo com nossa filha trouxe uma sensação de continuidade, como se estivéssemos passando adiante um pedacinho da nossa própria história.

Temas importantes para crianças

A narrativa do livro é simples, mas repleta de lições poderosas para as crianças. A história aborda a empatia, mostrando o quanto pequenos gestos de bondade podem fazer diferença. Ana Maria, a menina que salva a margarida do frio, ensina que o amor e o cuidado são mais importantes do que soluções materiais.

Além disso, a história reforça que a compaixão é algo que devemos oferecer a todos, independentemente de sua forma ou situação. Isso é algo que considero essencial ensinar à Bianca desde cedo, para que ela cresça valorizando o impacto positivo das pequenas ações no mundo à sua volta.

Por que essa história encanta Bianca

Bianca adora essa história por vários motivos, mas o principal é a borboleta azul. Borboletas são os insetos favoritos dela, e a cor azul é sua predileta. Sempre que menciono a borboleta ajudando a margarida, os olhos de Bianca brilham, e ela interrompe para falar o quanto ama esses dois detalhes da história.

Além disso, a mensagem de amor como cura também toca o coração dela. Quando a margarida finalmente para de tremer após receber o beijo carinhoso de Ana Maria, é impossível não perceber como Bianca se sente acolhida por essa mensagem. Para ela, a combinação de uma borboleta azul e o final feliz faz dessa história uma das favoritas em nosso ritual da noite.


4) O Mágico de Oz reinventado

Bianca e Helena, sua prima e melhor amiga, estavam brincando em uma cabana quando encontraram um caminho mágico. O caminho era feito de tijolinhos dourados e pedrinhas brilhantes, tão bonitas que pareciam sair de um sonho. Na primeira pedrinha, havia uma cartinha do Mágico de Oz pedindo ajuda. Ele precisava recuperar sua inspiração e aguardava por elas em seu castelo.

As duas começaram a caminhada e logo encontraram o Homem de Lata, que estava triste porque não tinha um coração. Bianca, com sua maletinha de brinquedo, resolveu examiná-lo. Com a ajuda de Helena, sugeriram que ele as acompanhasse até o castelo do Mágico de Oz, pois ele poderia resolver o problema.

Mais à frente, o trio encontrou o Espantalho, que estava cabisbaixo porque não tinha um cérebro. Bianca e Helena abriram sua cabeça e só encontraram palha. Mais uma vez, sugeriram que ele fosse com elas até o Mágico, que certamente poderia ajudá-lo.

Pouco depois, encontraram o Leão, que tremia de medo. Ele confessou que tinha medo de tudo: de correr, de dormir e até de rugir. As meninas disseram que o Mágico de Oz poderia dar coragem para ele, então todos seguiram juntos.

Por último, encontraram uma menina chamada Dorothy, que estava presa na Terra de Oz e queria voltar para casa. O Mágico poderia ajudá-la, então ela também se juntou ao grupo. Quando finalmente chegaram ao castelo, o Mágico pediu que as meninas fizessem um desenho com todas as cores do mundo.

Bianca teve uma ideia brilhante: buscar as cores no arco-íris, pois ele reunia todas as cores do mundo. Ela explicou ao Mágico que para isso precisariam de sol e chuva ao mesmo tempo. Com sua magia, o Mágico criou o cenário perfeito, e logo um arco-íris magnífico surgiu no céu.

Com pequenos baldes em mãos, Bianca e Helena correram em direção ao arco-íris e coletaram suas cores vibrantes. De volta ao castelo, usaram as cores para criar um desenho incrível. Quando o Mágico viu a obra de arte, ficou profundamente tocado e sua inspiração voltou. Com alegria e criatividade renovadas, ele finalmente conseguiu ajudar todos os seus amigos. O Homem de Lata recebeu um coração, o Espantalho um cérebro, o Leão encontrou coragem, e Dorothy ganhou um par de sapatos mágicos que a levariam de volta para casa.

Cheio de gratidão, o Mágico perguntou o que poderia oferecer a Bianca e Helena como agradecimento. As duas, com um sorriso sincero, recusaram qualquer presente. Para elas, a verdadeira recompensa era ver a felicidade de todos os amigos.

Elas se despediram do castelo e voltaram para a cabana cantando e celebrando, com a certeza de que haviam vivido uma aventura inesquecível juntas. O arco-íris, agora mais brilhante do que nunca, parecia um lembrete de que a amizade e a união podem transformar qualquer situação.

Como adaptei a história para a Bianca

Desde pequena, sempre amei escrever e criar histórias. Tornar o simples em algo mágico é uma das minhas paixões. Hoje, como redatora, continuo a transformar palavras em narrativas que emocionam, ensinam e entretêm. Por isso, quando decidi contar o clássico Mágico de Oz para Bianca, senti que precisava dar meu toque pessoal à história.

Inseri Bianca e sua prima Helena como protagonistas. Elas substituem Dorothy na narrativa, trazendo a aventura para um universo em que Bianca consegue se enxergar completamente. Essa mudança, para mim, foi natural, porque adoro imaginar histórias em que quem eu amo pode viver aventuras extraordinárias.

Além disso, fiz algumas pequenas adaptações para deixar a história mais lúdica e próxima do universo da Bianca. Por exemplo, o caminho de tijolos amarelos virou um caminho de tijolinhos dourados e pedrinhas brilhantes, algo que ela adora visualizar. Também incluí elementos do seu cotidiano, como sua maletinha de brinquedo, que ela usa para “curar” o Homem de Lata e seus amigos.

Transformar o clássico em algo único, cheio de referências que fazem sentido para a Bianca, não só reforça nossa conexão, mas também renova minha paixão por contar histórias de um jeito especial. Essa versão personalizada torna nossas noites ainda mais mágicas e envolventes, como se cada palavra tivesse sido escrita exclusivamente para ela.

Lições de criatividade e trabalho em equipe

Essa versão do Mágico de Oz não é apenas uma aventura divertida, mas também uma oportunidade para Bianca aprender importantes lições. Ao longo da história, Bianca e Helena precisam resolver problemas juntas, como ajudar o Homem de Lata a encontrar um coração, o Espantalho a ganhar um cérebro e o Leão a descobrir a coragem.

Esses desafios são sempre resolvidos com criatividade e cooperação. Por exemplo, quando usam o arco-íris para criar todas as cores do mundo, reforço a importância de pensar fora da caixa e trabalhar em equipe para alcançar objetivos. A cada episódio, Bianca percebe que cada personagem tem algo valioso a contribuir, o que ajuda a reforçar o conceito de que ninguém precisa fazer tudo sozinho.


5) O sabichão, de Ricardo Tokumoto

Era uma vez um Minotauro que vivia em uma biblioteca imensa, repleta de livros de todos os tipos. Ele era extremamente orgulhoso e afirmava com frequência que já havia lido todos os livros que existiam. Quando alguém visitava a biblioteca, ele não se interessava em conversar ou trocar ideias sobre as obras. Pelo contrário, preferia se exibir, demonstrando o quanto sabia e diminuindo aqueles que tinham menos conhecimento.

Com o passar do tempo, as visitas começaram a diminuir. As pessoas, cansadas da atitude do Minotauro, simplesmente deixaram de frequentar a biblioteca. O lugar, antes movimentado e cheio de vozes, tornou-se silencioso. O Minotauro, acostumado à companhia, percebeu que estava sozinho. Sentiu saudades da presença dos outros, mas não sabia como trazê-los de volta.

Em uma tarde tranquila, ele avistou uma menina sentada em um canto da biblioteca, segurando um livro no colo. Entusiasmado por finalmente ter alguém por perto, correu até ela, ansioso para impressioná-la com seus conhecimentos.

Curioso, ele quis saber sobre o livro que ela segurava. Para sua surpresa, a menina respondeu que não sabia, porque não sabia ler e apenas gostava de observar as figuras. O Minotauro, intrigado, não conseguia imaginar alguém que não soubesse ler. Antes que pudesse lançar uma de suas respostas altivas, foi surpreendido pela pergunta da menina: ela quis saber se ele sabia bambolear.

Cheio de confiança, o Minotauro afirmou que sim. Animada, a menina lhe entregou um bambolê. O Minotauro tentou girá-lo, mas falhou todas as vezes. Frustrado com suas tentativas, começou a chorar. A menina, com um sorriso gentil, ofereceu ajuda e disse que poderia ensiná-lo.

Com paciência, ela mostrou como bambolear. Em troca, o Minotauro decidiu ensinar a menina a ler. Juntos, descobriram a alegria de compartilhar conhecimento e a beleza de estarem abertos a aprender algo novo.

A partir daquele dia, a biblioteca voltou a ser um lugar cheio de vida. O Minotauro passou a ouvir mais e a compartilhar o que sabia com generosidade. As pessoas começaram a retornar, atraídas pelo ambiente acolhedor. Ele e a menina tornaram-se grandes amigos, explorando juntos o prazer de ensinar, aprender e construir um espaço onde todos se sentiam bem-vindos.

O poder de compartilhar e ouvir

A história do Sabichão, escrita e ilustrada por Ricardo Tokumoto, apresenta um Minotauro que vive em uma biblioteca e se orgulha de saber tudo sobre todos os livros. No entanto, ele tem um grande defeito: não sabe ouvir e não está interessado em compartilhar verdadeiramente o que sabe, apenas em mostrar sua superioridade.

Com o tempo, o Minotauro percebe que sua arrogância afasta as pessoas, deixando a biblioteca vazia e ele, solitário. Quando encontra uma menina que admite não saber ler, ele descobre a alegria de ensinar e, ao mesmo tempo, aprende algo novo com ela. Essa troca genuína transforma o Minotauro, mostrando que o conhecimento é mais valioso quando compartilhado com empatia e humildade.

Bianca adora essa história porque ela é cativada pela lição de que saber muito não é suficiente: é preciso saber dividir o que sabemos com os outros de forma gentil. Essa mensagem é simples, mas poderosa, especialmente para crianças em idade de aprendizado, que estão começando a entender o valor das relações e da cooperação.

O impacto das ilustrações e simplicidade

Uma das razões pelas quais essa história prende tanto a atenção de Bianca é a combinação de uma narrativa clara com ilustrações encantadoras. As imagens são cheias de detalhes que despertam a curiosidade, e Bianca adora apontar o que vê em cada página.

A simplicidade do texto torna a leitura fluida, o que é ideal para crianças pequenas, enquanto as ilustrações ajudam a dar vida à história. O contraste entre a imponência do Minotauro e a delicadeza da menina cria uma dinâmica visual que Bianca adora acompanhar. Isso torna a experiência de ler “O Sabichão” não apenas educativa, mas também divertida e envolvente.

A conexão com a realidade infantil

Bianca se identifica com a menina da história, que começa sem saber ler e aprende com o Minotauro. Essa conexão é reforçada pela ideia de que ninguém sabe tudo e que está tudo bem pedir ajuda ou admitir que ainda há algo a aprender.

Além disso, a história incentiva a prática de habilidades sociais como ouvir, respeitar os outros e valorizar a colaboração. Bianca também se diverte com o momento em que a menina ensina o Minotauro a bambolear, porque mostra que todos têm algo a aprender, mesmo os que aparentam saber tudo. Esse toque de humor e leveza aproxima ainda mais a história da realidade infantil, onde o aprendizado acontece de forma lúdica e cheia de descobertas.


Por que as crianças gostam de ouvir as mesmas histórias várias vezes?

Repetir histórias traz um senso de segurança e previsibilidade para as crianças, o que é essencial para o seu desenvolvimento emocional. Quando conto uma história pela segunda, terceira ou décima vez para Bianca, percebo que ela já sabe o que vai acontecer e isso a deixa tranquila.

Essa previsibilidade ajuda a criar um ambiente de conforto, onde ela sente que está no controle do que ouve. Para uma criança pequena, essa sensação de familiaridade é muito reconfortante, especialmente na hora de dormir. Além disso, repetir histórias permite que ela explore as emoções da narrativa de maneira mais profunda, sem se preocupar com surpresas ou mudanças inesperadas.

Desenvolvimento da linguagem e da memória

A repetição também desempenha um papel fundamental no desenvolvimento da linguagem e da memória. Cada vez que Bianca ouve uma história novamente, ela começa a reconhecer palavras e frases, ampliando o vocabulário de maneira natural.

Além disso, ela frequentemente tenta completar as frases ou até mesmo narrar partes da história sozinha. Isso fortalece sua memória e suas habilidades cognitivas, pois ela está constantemente organizando e recordando informações. A prática repetitiva também a ajuda a entender melhor o significado das palavras e a fazer conexões com o mundo ao seu redor.

Momentos de conexão emocional

Repetir histórias não é apenas um hábito cognitivo, mas também um gesto cheio de significado emocional. Para Bianca, ouvir novamente suas histórias favoritas é como reviver um momento especial que compartilhamos juntas.

A familiaridade da narrativa se transforma em um espaço onde ela se sente segura e amada. Cada repetição é um lembrete do nosso vínculo, um momento único em que ela sabe que estou presente e focada nela. É como se as histórias se tornassem um símbolo de carinho, reforçando nossa conexão a cada palavra repetida.

Além disso, reviver essas histórias juntas permite que eu acompanhe seu crescimento e perceba como ela começa a interpretar as mesmas narrativas de formas diferentes à medida que amadurece. É um ciclo de aprendizado e amor que se renova a cada noite.


Conclusão

As histórias que conto para Bianca, desde a galinha que não conseguia botar ovos até o Sabichão, têm um papel essencial na nossa rotina familiar. Elas não apenas acalmam e preparam minha filha para dormir, mas também são momentos únicos que criam memórias e fortalecem nosso vínculo.

Cada história traz algo especial: a criatividade do Gustavo em narrativas como a da galinha; as lições de responsabilidade em “A fruta misteriosa”; o carinho e a empatia ensinados pela “Margarida Friorenta”; as aventuras personalizadas do “Mágico de Oz reinventado”; e as reflexões sobre humildade e amizade em “O Sabichão”. Essas mensagens ficam guardadas no coração da Bianca e ajudam a moldar sua visão de mundo.

O poder das histórias na rotina familiar

Além de seu conteúdo educativo, essas histórias se tornam uma forma de comunicação entre nós. Elas nos permitem compartilhar risadas, reflexões e, acima de tudo, amor. Ao repetir as histórias favoritas de Bianca, sinto que reforço para ela o quanto é importante termos esses momentos de pausa e conexão em meio à correria do dia a dia.

Por fim, criar uma rotina onde as histórias têm um papel central é mais do que um hábito: é um presente para nossos filhos. Essas narrativas não são apenas contos antes de dormir; são sementes de imaginação, empatia e aprendizado que florescerão ao longo da vida deles. A magia das histórias não está só nas palavras, mas nos laços que elas ajudam a construir entre pais e filhos.

Deixe um comentário